domingo, 21 de setembro de 2008

A cidade das sombras. Cap. 1-A última noite

Capitulo 1: A última noite.

Estava em uma mesa de um bar fechado, fumaça de cigarro por todo o ambiente com apenas uma fraca luz amarelada vinda de cima da mesa redonda. Um senhor estava sentado do meu lado, porém diferente de mim estava calmo, enquanto eu estava terrivelmente ansioso.

- Temos que chamar todo mundo, se não eles vão morrer! - exclamei para o senhor que assoprava a fumaça do seu cigarro.

- Acalme-se - retrucou tranqüilo dando outro trago.

- Mas, você sabe que não deveríamos ter brincado com eles! Agora todo mundo vai morrer! - exclamei novamente, o grito ecoando pelo lugar deserto. - Temos que ficar juntos!

- Sim, concordo - apagou o cigarro no cinzeiro de vidro já cheio. - Por isso eu chamei todos para cá. Para que pudéssemos olhar um ao outro.

- Mas eles já deviam estar aqui! - retruquei como se já estivesse ciente da vinda deles. - Alguma coisa aconteceu! Sobramos apenas nós.

O senhor não respondeu. Após longos minutos sem pronunciarmos palavra sequer, um a um outros rapazes começaram a entrar e, como se nada estivesse acontecendo, sentavam-se a mesa, alguns se sentaram na mesa ao lado quando a nossa ficou sem lugares.

- Onde estão os dois? - não sabia o nome desses outros dois, mas claramente os outros me compreenderam.

- Pegaram eles - respondeu um rapaz que chegava ofegante. Com certeza havia corrido, ou melhor, fugido de algo.

- Mas como? - perguntei espantado e ao mesmo tempo amedrontado em obter a resposta.

- Não sei os detalhes, mas ouvi que invadiram a casa deles - começou o relato após tomar fôlego, seu rosto tão assustado quanto o meu. - Seus corpos dilacerados.

Todos que observavam viraram seus olhares para nenhum lugar em especial. Em suas mentes um turbilhão de pensamentos onde imaginavam qual seria o futuro inevitável e aterrador que os aguardavam. Incluindo o meu. Senti um calafrio percorrer minha espinha de baixo até a nuca. Tremi de medo.

- Então vamos todos morrer.

Me virei para o senhor que acendeu um outro cigarro, olhar disperso como de todos. Ele apenas assentiu com um pequeno movimento da cabeça. O que me assustava era que ele não parecia nem um pouco abalado com tudo aquilo.

Um padre entrou no bar pela porta de trás, o barulho de seus passos quebrou o mórbido silêncio que envolvera o bar. Todos o olharam assustados, a tensão e horror era palpável.

- Vocês não deveriam ter se metido no que não conhecem.

Sua voz ameaçadora e sem sentimentos penetrou por nossos ouvidos como pregos sendo martelados diretamente nos tímpanos. Sabíamos que não haveria como sairmos de lá. Aquela era nossa última noite na cidade.

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