Seres imortais que regem a noite, as trevas e a pureza. É assim que Akari se denominou. Não apenas elas, mas como todas as sacerdotisas que representam a lua.
Qualquer outra pessoa pensaria no absurdo daquelas palavras, mas não seria a primeira vez que via ou ouvia coisas impossíveis. Apesar de minha tolerância para coisas improváveis, uma coisa aprendi: quando se descobre um desses absurdos, prepare-se para problemas.
– E o que você faz aqui? – perguntei após a explicação dela.
– Tentando encontrar uma lua.
– ...?!
Akari riu.
– Não é que a lua tenha caído na terra – disse apontando para o céu cuja lua cheia aparecia cortada por nuvens negras da noite. – Mas existem as descendentes da lua. Na verdade são duas, gêmeas e imortais. Tento encontrar uma desaparecida.
– E você quer que eu acredite nisso?
– Hummm... – pensou colocando o indicador sob seu queixo. – Imagino que isso seja realmente estranho para um ser humano da terra – ficou em silêncio ponderando mais alguns segundos. – Não. Não precisa acreditar nisso.
O problema era que eu acreditava. Não precisamente em sua história, mas no contexto geral. Sua imortalidade explicaria seus ferimentos se curando rapidamente. Mas procurar uma lua...?
– O que quero – prosseguiu encarando-me nos olhos. – É que você me diga o que quer.
– Huh? – perguntei surpreso, erguendo uma sobrancelha.
– Sim – disse encostando-se a sacada. – Você salvou minha vida, duas vezes. Então eu devo algo a você
– Erm... se você é imortal, não acho que tenha salvo sua vida.
– Ah – disse abrindo um sorriso. – Somos imortais de idade e temos uma tolerância para danos em nossos corpos, dependendo do grau do ferimento levamos dias para nos curar o que nos deixa vulneráveis durante um período. É nesse período em que nos recuperamos que podemos ser mortos.
Cocei o queixo, uma brisa fria passou por nós ondulando o longo cabelo azul de Akari.
– Então, você salvou minha vida – falou depois de ver minha cara pensativa. – Então estou lhe devendo, você pode...
Antes que terminasse levantei-me da cadeira da varanda e entrei no quarto.
– Você não me deve nada, apenas tome mais cuidado – disse deitando-me no sofá que havia no centro.
Esse era o quarto de visitas, na verdade haviam dois quartos no andar de cima da casa e um menor no andar térreo, eu preferia o quarto do térreo, não por ser menor, mas por estar mais próxima a entrada da casa. Por se situar na entrada, podia ouvir qualquer um que entrasse pela porta da frente. Os outros quartos serviam como escritório e biblioteca.
No que estávamos, que tinha a sacada, era a biblioteca que tinha um enorme sofá de descanso no centro.
De olhos fechado sinto alguém subir no sofá e parar sobre mim, os cabelos de Akari caem sobre meu rosto e ouço sua voz próxima a minha orelha.
– Talvez essa seja uma oportunidade única em sua vida – sussurrou de uma forma sensual e misteriosa que me fez estremecer.
Ao abrir minhas pálpebras nossos olhos se encontraram e ela se afastou com um sorriso.
– Pois bem – disse levantando-se. – Vou ficar aqui até que você tenha algo para me pedir.
Suspirei esfregando o topo do nariz com o indicador e polegar. Olhei para o relógio, já era sexta feira.