domingo, 20 de setembro de 2009

Duas Luas - Dois

Tem comida na geladeira. Fique a vontade para comer e ficar o tempo que quiser.

Quando sair coloque a chave da porta na caixa de correio na entrada.


A garota ainda estava dormindo quando despertei, na poltrona da minha sala já que ela estava na única cama que tinha, para ir ao trabalho.

Não me incomodava ter uma pessoa completamente desconhecida em minha casa. A única coisa de valor que tinha seria um laptop com mais de dez anos de uso que servia apenas para pesquisa e e-mails. Também não acredito que houvesse pessoas que roubariam meus livros, então minhas posses estavam resumidas a coisas relativamente sem valores monetários.

Por volta da tarde eu recebi uma ligação no celular.

– Yo, Du – cumprimentou-me a mulher de voz sedosa e animada.

– Huh?! – fiquei surpreso. – Eu já disse pra não me ligar em horário comercial!

– Oh? – disse irônica. – Em uma empresa tão grande como essa em que você está, dificilmente vão se importar com alguém que atende uma ou duas ligações pessoais.

Olhei em volta. Realmente todos os parecia me notar.

– E então – prosseguiu ela. – O que encontrou?

– Não muita coisa – respondi desapontado comigo mesmo. – Nenhum funcionário com quem falei nunca sequer viu o dono da empresa. Revistas e jornais também nunca conseguiram uma foto dele. Nem mesmo o chefe do meu setor conhece o dono da empresa. Ele simplesmente parece não existir.

– Hum... Mas ele existe, disso podemos ter certeza – ouvi um suspiro do outro lado. – De qualquer forma tome cuidado, você sabe o que aconteceu com as pessoas que tentaram encontrar ele.

Ela não precisava me lembrar. Todos que tiveram a curiosidade e audácia de tentar descobrir o rosto por trás de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, acabaram morrendo. Obviamente morreram por causas naturais, algumas se mataram jogando-se em frente a trens ou caindo de prédios. De uma forma ou de outra, ninguém podia ligar a empresa com essas mortes.

Ninguém exceto Yumei, minha verdadeira chefe.

– Não se preocupe – disse, prestes a desligar o celular.

– Ah! – lembrou-se ela. – Não se esqueça de que são os gatos que escolhem os seus mestres – disse com voz irônica. – Claro que não se pode levar em consideração o gato de Nabeshima, hehe.

– Huh? Qual o problema com gatos agora? – perguntei erguendo uma sobrancelha, mesmo sabendo que ninguém veria.

– Nada – respondeu sarcástica, dando uma risadinha. – Apenas me lembrei da lenda dos gatos serem guardiães dos mortos.


Diferente do dia anterior, voltei para casa no horário habitual. Chequei minha caixa de correspondências na entrada do prédio. Vazia. Isso significava que a garota de cabelos azuis não tinha ido embora. Sorri ironicamente. Pelo menos podia perguntar a ela o que aconteceu antes de encontrá-la ainda no asfalto.

Subi as escadas e abri a porta, porém ninguém estava lá. Procurei no quarto, cozinha e banheiro. Sentei-me no sofá da sala cocando a cabeça. “Talvez ela tenha esquecido de devolver a chave,” pensei.

Tomei banho e jantei. Passado das onze horas, enquanto lia um livro no sofá da sala, ouvi a porta se abrindo.

2 comentários:

André Freitas disse...

Keep on going mate. Você nos preparou, quero só ver onde vai dar a porrada do capítulo seguinte.
Expectativa.

MMA disse...

ta ficando legal... ate imagino o que va acontecer, mas nem comentarei nada aki... XD daki a poco falo com vc XD