quarta-feira, 13 de maio de 2009

Last Goodbye

Eu pretendo fazer desse aqui meu último post nesse blog. A razão? Não importa. Escrever para mim é um sacrifício que prefiro – como bom auto-proclamado mártir e filho único – não compartilhar com ninguém , só pra ver se algum fulano(a) devidamente embriagado gives a fucking damn about it.
Afinal, ninguém nunca disse que não é pelo Ibope que o mártir faz o que faz. Autoflagelo em praça pública pra entrar nos anais da história. Considerando que, no meu caso pelo menos, a literatura vai ficar muito mais no anal do que história, se é que vocês me entendem. Não? Tudo bem...
O bacana é que consigo ver uma evolução nas coisas que escrevi há dois anos comparadas às coisas que eu escrevo agora (putaqueopariu: ainda bem!) e, essa ilusão de ter subido alguns degraus ajuda a ligar o som mais algumas vezes e esmurrar essas teclas sem medo, sonhando ser Dostoievski, tentando imitar o Bukowski, devorando o Mirisola (no bom sentido, puramente sexual. Se algum dia ele ler esse lixo aqui, vai entender) e puta merda, Deus me impeça de falar que pago um pau pras poesias do Piva. Mas ninguém conhece ele, nem o Dostoievski (“Ah! O cara que escreveu o livro do tal assassinato? Que tem filme e tudo né?”), nem o velho Buk, então tá tranqüilo. O Mirisola é famoso. Todo mundo o conhece pela alcunha de “Maldito”, não sei de onde tiraram isso (Eu vou na Saraiva e pergunto: “que livro do Mirisola vocês têm ae?” A bichinha com piercing no umbigo diz: “Ai, aquele escritor que chamam de maldito né? Acho que tem um livro dele, sim”. Nem sei porque eu pergunto isso toda vez; talvez seja pra ver o ponto de interrogação na cara da minha mulher). A verdade é que tem gente demais tomando muito Nescau com esperma por aí. Au, au. (quem manja, manja. Quem não manja se fodeu e perdeu a referência muito bem feita).
Aproveitando, Animais em Extinção é um dos meus livros preferidos de 2009.
Pronto!
O importante foi dito.
De volta à lenga-lenga.

Não pretendo continuar a escrever aqui. Agora vou me tornar um advogado de sucesso e quem sabe até virar juiz (segredo: prefiro adestrar chinchilas albinas e viajar o mundo com o Circo Vostok do que voltar a pegar num livro de direito, mas azar dos fatos).

Concentre-se nos bugalhos, concentre-se nos bugalhos: essa mudança no meu humor em relação à “arte” de escrever decorreu de um conjunto de fatores, desde topar com um conto da Márcia Denser e ter, com isso, descoberto a literatura pela segunda vez, até estudar estruturas narrativas e ler poesia. Coisas muito bacanas que apenas me acrescentaram enquanto pessoa (???) e refletiram no meu texto.
Conheci também alguns escritores e vi que eles são humanos e gente fina. Eles até topam ler algumas coisas que eu escrevo; imaginar que os caras vão ler algo que eu escrevi me tira até o sono, mas daí eu pego um Balzac (qualquer um dele) pra ler e em dois minutos estou capotado, sem previsão de retorno e sem garantias de que não haverá seqüelas.
É claro que nem tudo são flores. Tomei muita porrada na cara de gente que se dizia escritor. Muito e-mail ignorado e cartas devolvidas por mudança de endereço – nesse a culpa é minha, eu sei...-; cheguei até a fazer um curso de escrita, é mole? Não vou falar muito disso aqui porque me serviu para alguma coisa que, quando eu lembrar o que foi eu peço pro Felipe postar aqui. Cursos de escrita criativa, ministrado por escritores são uma roubada. Deixo desde já um aviso: ROUBADA! Do tipo passa a carteira e a auto-estima. Watch out my brothers and sisters.

Enfim, quero agradecer aos 1465 visitantes que nos presentearam com sua presença e leitura (fato: dessas 1465 visitas – 730 são minhas, 650 do Felipe, 50 de pessoas que entraram no site sem querer e logo clicaram no “voltar) e 35 foram de pessoas perdidas nesse mundo em busca de ajuda (o Disk Oração dava sinal de ocupado direto). Espero que o Felipe continue postando as coisas que ele escreve aqui. Eu vou continuar lendo o blog, escrevendo (não aqui, obviamente), lendo, lendo, lendo, sonhando em ser Dostoievski, tentando imitar Bukowski e etc...

Vou deixar como despedida um poema do velho Buk, em homenagem à minha mulher que, ao contrário de vocês, vai continuar me agüentando e fazendo um puta esforço para ler as coisas que eu escrevo até o fim.

Ah!
PUTA QUE O PARIU! NÃO POSSO ESQUECER!

BANDO DE FIODAPUTA! TEM APRESENTAÇÃO DA VELHA NO SATYROS I – PÇA ROOSEVELT, 214, ALBERTO GUZIK E CHICO RIBAS!
ESTARÁ EM CARTAZ ATÉ 28 DE MAIO! NÃO PERCAM! O TEXTO É DO MALDIT... DIGO MIRISOLA!

MONÓLOGO DA VELHA APRESENTADORATexto: Marcelo MirisolaDireção: Josemir KowalickElenco: Alberto GuzikTrilha sonora: Ivam CabralIluminação: Rodolfo García VázquezAssistência de direção: Chico Ribas Quando: Quartas e quintas, 23hOnde: Espaço dos Satyros Um, pça Roosevelt, 214Quanto: R$ 20,00; R$ 10,00 (Estudantes, Classe Artística e Terceira Idade); R$ 5,00 (Oficineiros dos Satyros e moradores da Praça Roosevelt)Lotação: 70 pessoasDuração: 40 minClassificação: 12 anosGênero: ComédiaEstréia: 11 de fevereiro a 28 de maio

Um grande abraço pra vocês, muito obrigado por tudo. Talvez, eu espero, no ano que vem meu livro esteja nas livrarias mais próximas de vocês. As aventuras do incrédulo Bostoievski.

Cuida da bagaça Massa.

André.

Confissão (Confessions)
Charles Bukowski (Tradução André F.)

Esperando pela morte como um gato
Que vai pular na cama
Eu sinto muita pena da minha mulher
Ela vai ver esse corpo duro e branco
Vai mexer nele uma vez
Talvez outra vez mais

Hank!
Hank não vai responder

Não é a minha morte que me preocupa,
É minha mulher
Deixada com essa pilha de nada

Eu quero que ela saiba que
Em todas as noites dormindo ao seu lado,
Até as discussões mais inúteis
Foram coisas eternamente esplendidas
E as palavras duras que eu sempre temi dizer
Podem agora ser ditas:
Eu te amo.

Um comentário:

Mônica Cadorin disse...

André

Não desista da arte, não desista da literatura. Ou será que alguém algum dia lhe disse que escrever e ser reconhecido é coisa fácil? Te enganaram, então.
O caminho é longo e pedregoso, mas chega uma hora que os pés se moldam às pedras e não doem mais. Talvez você já tenha percebido que dane-se o mundo: escrever é uma satisfação pessoal; publicar é uma conseqüência; agradar o público... dane-se o público!
Foi pensando nisso que nomeei o meu blog. É claro que gosto quando abro o Google Analytics e vejo que 2 pessoas entraram (por engano) no meu blog, mas eu estou escrevendo e publicando para satisfação pessoal.
Vi que você parou com a publicação neste blog, e também interrompeu a publicação no bostoiewsky (escrevi direito?). Mas não pare de escrever, não pare de lutar. Leia muito, escreva pouco. Concentre-se no gênero que você escreve melhor, dedique-se a aprimorar seu estilo. Tome consciência do porquê de suas escolhas. Como eu disse sábado no meu blog, não sei dar conselhos aos mais novos, mas até que consegui alguma coisa, se você ler e aproveitar.
Ah, sim, dê uma olhada no site da minha editora (www.sotese.com.br) e veja se a proposta de publicação lhe agrada.

Mônica Cadorin