terça-feira, 5 de maio de 2009

O Gato Perdido (PARTE Final)

Antes de mais nada, finalmente consegui postar a última parte dessa "saga," para alivio de alguns xD .
Enfim, desculpem àqueles que leram a light novel pacientemente, minha demora foi devido a uma série de imprevistos, incluindo meu PC queimando, e alguns problemas com prazos. Mas conseguimos chegar ao final. Confessor que aprendi bastante... principalmente que não sirvo para isso \o/ HAHAHAHAHAHAHA
Bom... a história:


– Bom dia, senhor Masahiro, senhorita Ling. E você deve ser a senhorita Nana. Prazer em conhecê-los – cumprimentou a diretora do colégio, olhando e sorrindo para cada um de nós enquanto pronunciava nossos nomes. – Desculpem a demora, essa semana e a próxima a maioria dos funcionários está de férias devido ao fim de ano.

A sala da diretora era pomposa, uma mesa de mogno entalhada acompanhado de uma poltrona e duas cadeiras que eram incrivelmente confortáveis. Atrás da poltrona uma janela coberta por uma persiana e do lado oposto a porta de entrada. A parede direita tinha vários armários de livros e arquivos e na oposta o mesmo, com exceção de um sofá próximo a mesa, Nana estava sentada nela, enquanto eu e Ling ocupávamos as cadeiras.

– Não há problemas – assegurou-se Ling, assim que a diretora se sentou na poltrona do lado oposto a nosso na mesa. – Nós é que agradecemos por você ter aberto esse horário em sua agenda.

– Sim, sim – disse sorrindo. – Então Nana, sim? A ficha dela é excepcional, com certeza gostaríamos de ter alguém como ela aqui.

– Como Nathalie – disse eu. Sua expressão logo se tornou exasperada e seu olhar inquieto percorreu a sala. Apontei a arma para ela e sorri, pude ver que nesse instante se agarrou aos apoios de braços de sua poltrona, o suor despontando de sua testa. – Sabemos o que aconteceu.

– O que? – perguntou fingindo um sorriso inocente. – Do que vocês estão falando?

Suspirei sorrindo.

– Nunca imaginei que chegariam a esse ponto – disse engatilhando a arma, vi que ela engoliu seco. – Felizmente é fim de ano e quase ninguém está no colégio, não é? Seria muito fácil matar você, não acha?

– A policia estaria aqui no mesmo instante – falou tentando soar como uma ameaça. Permaneci indiferente. – Mesmo que vocês fugissem, eu sei o rosto de vocês e seus nomes.

– Sim, sabe – ri guardando a arma. – Porém...

Relatei o que Anderson havia contado para Ling, todos os detalhes que eu me lembrava. Calmamente ela ouviu, algumas vezes sorrindo e outras com um olhar sarcástico voltado para nós. O dia estava claro, com apenas algumas nuvens no ar, nem parecia que os eventos de quatro dias atrás foram reais, mas aqui estava eu falando com a diretora decadente de um colégio onde a imagem era tudo que tinham a manter, ao lado de Ling e Nana.

– Heh – riu ironicamente a diretora. – Muito interessante a sua fantasia, mas você não tem evidência contra mim ou qualquer um que você mencionou estar envolvido nessa sua ficção. Infelizmente é com pesar que lembro você de que o senhor Anderson e seu filho estão mortos, logo a única pessoa que poderia comprovar a sua pequena fantasia conspiratória, está morta.

Cruzei os braços e suspirei por trás de um sorriso. Ling tomou o rumo da conversa.

– Felizmente boatos são boatos por não precisarem de evidências – disse acendendo um cigarro. Claramente não se podia fumar lá dentro, mas o olhar e a voz intimidadora de Ling fizeram com que a diretora pensasse melhor e baixasse a cabeça, submissa. – Mas boatos desse tipo costumam vagar rapidamente pelos meios de comunicação e logo a imprensa de todos os lugares vão começar a fuçar, fazendo da vida de vocês um inferno.

Tragou e assoprou tranquilamente cruzando as pernas.

– Não importa se acharem algo ou não. O que importa é que o nome de todos vocês e deste colégio vão aparecer entre boatos de estupro, assassinato, suborno e muitas outras coisas desagradáveis que, infelizmente é com pesar que lembro você de que manchará o nome de todos.

Um longo silêncio caiu sobre nós, várias vezes a diretora tentou pronunciar uma palavra, mas toda vez que ia falar foi impedida por ela mesma. O suor brotava claramente de sua testa, sua mão segurava firmemente os apoios, coluna ereta que mal tocava no encosto, tamanha era sua tensão.

– V-v-você não teria como...

Ling sorriu antes que respondesse a aquilo.

– Procure na internet, veja os jornais. Felizmente as pessoas gostam de fofocas e conspirações.

A diretora se calou, lágrimas começavam a brotar de seus olhos, estava claramente desesperada.

– Você pode saber nossas caras e nomes – comecei assim que Ling apagou seu cigarro. – Mas nós sabemos o rosto de cada um de vocês, onde vocês moram e trabalham, assim como a rotina e quem são seus amigos e contatos.

Levantei da cadeira, Ling e Nana fizeram o mesmo e se dirigiram a porta. Antes que nos retirássemos perguntei olhando pelo canto do olho para a diretora que ainda estava estática:

– Só uma pergunta: qual era a matéria que Nathalie tinha publicado que chamou sua atenção?

A diretora balbuciou várias vezes tentando tirar as palavras de sua garganta fechada até que, com muitas tentativas, conseguiu pronunciar baixinho e asfixiado:

– Sobre a condição da educação do Brasil, e a violência e medo que começam a entrar nas escolas.

A isso eu tive que rir pela ironia que a vida havia trazido para todas essas pessoas e para nós. Suspirei e antes de fechar a porta da sala dela, sem me virar para ela, avisei:

– Estaremos de olho, não se esqueça.


Epílogo, parte 1: Um velho conhecido.


Ling nos deixou na entrada do nosso apartamento. Subimos os sete andares de elevador e seguimos o extenso corredor até a nossa porta. Nana parou séria, fitando a direção da porta, seus olhos novamente sem o brilho da visão.

– Alguém está ai.

Sem falar nada saquei a arma e virei a maçaneta. Estava aberta.

Entrei seguido por Nana e na sala vi um homem vestido de terno, camisa, calça e sapatos, o conjunto era tão caro que valeria o preço do apartamento. Cabelos escuros e espetados, um rosto quadrado e firme, olhos cerrados, estatura robusta e forte; seria o modelo ideal de um soldado linha dura. Era Malcom.

– Ora, ora, ora – disse assim que nos viu no limiar da entrada para a sala. – Se não é o sumido Masahiro... – silenciou-se ao ver Nana ao meu lado. Assim que a viu riu alto. – Ora, ora, vejam só... se não é a filha prodígio do clã Windstorm. Pensava que todos tivessem morrido em uma chacina em algum lugar da Europa.

Nana agarrou meu braço se escondendo atrás de mim. Foi a primeira vez que a vi assustada daquele jeito.

– Huuuuuuum...? – Malcom viu o gesto dela e riu ironicamente. – Sua namoradinha? Ela é muito nova para você, não acha? Hehehe.

– O que você quer? – perguntei secamente, ele sabia que eu não iria sentar e aceitar a presença dele ali tranquilamente.

Fechou os olhos e ergueu o canto da boca.

– Você sumiu depois que seu apartamento pegou fogo... pensava que estivesse morto – simulou uma voz triste com o pensamento.

– Não pegou fogo: explodiu, depois, foi você quem colocou os explosivos no apartamento – disse friamente, ainda de pé mantendo Nana atrás de mim.

Malcom riu alto, seus olhos brilharam.

– Sim, sim – afirmou. – Mas não tenho culpa que você abandonou a organização. Não pude resistir em te matar – disse em um tom travesso.

– E vai fazer isso agora? – perguntei firmando a arma em minha mão.

– Ora essa, é claro que não! – exclamou indignado. – Você e eu sabemos que uma explosãozinha daquela não iria te matar... além do mais, eu queria que você trabalhasse para mim, mas você desapareceu depois daquilo – curvou a cabeça tentando ver Nana. – Mas percebo que você não perdeu tempo hein, hehehe.

– Por que eu trabalharia pra você?

– Além de você não ter mais a proteção da organização? – Malcom perguntou retoricamente. – Você é um dos poucos gunslinger que conheço.

Quando eu ia falar ele me interrompeu apontando para a mesa de jantar do meu lado.

– Você devia ser mais cuidadoso em suas operações – disse apontando para vários DVDs em cima da mesa. – As câmeras de segurança registraram tudo – respirou fundo estalando a língua. – Turma interessante você reuniu, provavelmente a última pessoa do clã Windstorm e uma feiticeira elementalista.

Levantou-se.

– Considere isso um presente de natal atrasado, senhor Masahiro – disse secamente e parou do meu lado. – É melhor que fique em São Paulo por enquanto. Eu vou precisar dos seus serviços.

– E quem disse que eu vou aceitar? – perguntei olhando friamente para seus olhos.

Ele sorriu, olhou para Nana que senti se encolher ainda mais atrás de mim afundando sua cabeça nas minhas costas, depois novamente para mim.

– Por que você sabe o que posso fazer com a sua amiga feiticeira, essa sua namoradinha da família Windstorm e a quem for necessário... – disse em um tom mais de aviso do que de ameaça. – Você sabe do que eu sou capaz, sabe o que eu posso fazer.

– E por que você não resolve sozinho? – perguntei tentando manter meu controle.

Ele riu, sua expressão mudando radicalmente.

– Por que eu gosto de você, senhor Masahiro – disse caminhando em direção a porta. – Acho você uma pessoa bastante interessante.

Assim que ele saiu pela porta tive que conter minha raiva, desengatilhei a arma ainda com as mãos tremulas e a coloquei de volta no coldre. Nana afastou sua cabeça de minhas costas.

– Masahiro... a energia dele era...

– Eu sei – disse baixinho antes que ela pudesse terminar.

– Quem era ele? – perguntou depois de um tempo, sua voz quase um sussurro.

Suspirei e fui me sentar no sofá guiando Nana. Acendi um cigarro.

– O nome dele é Malcom – disse após um longo trago. – Alguém que eu devia ter matado há muito tempo...


Epílogo, parte 2: Um outro ponto de vista.


– Ela já está no quarto que a senhorita pediu – anunciou a enfermeira alegre.

– Hum, obrigada.

– Mas quem diria – continuou a enfermeira interessada em fofoca. – Nunca imaginaria algum relativo fazendo tudo isso por ela... além da mãe que parou de vir há algum tempo, ninguém mais veio.

A outra apenas assentiu sem demonstrar qualquer emoção. A enfermeira vendo que não conseguiria puxar assunto com a mulher, fez cara amarrada, baixou a cabeça e se retirou para o canto das enfermeiras.

O hospital era um dos melhores de São Paulo, não era qualquer pessoa que podia pagar pelo leito particular, mas foi o que ela fez para a garota, por mais que não a conhecesse, sentia que lhe devia isso.

Caminhou pelo corredor de portas e abriu a que a enfermeira tinha lhe indicado na hora da transferência da garota. Não havia trancas por ser um hospital.

– Quem está ai? – perguntou a garota sentada em seu leito, olhava pela fresta da cortina da janela quando a mulher entrou. – Quem é você? – perguntou assim que a viu atravessar o pequeno corredor de entrada.

– Nathalie? – perguntou sentando-se na cadeira ao lado da cama.

Nathalie assentiu brevemente não podendo esconder seu olhar assustado. Estava muito fraca para se mexer.

– Meu nome é Ling. Ling Wei – apresentou-se. – Eu transferi você para esse hospital, eles vão cuidar da sua reabilitação. Faz alguns dias que você despertou do seu coma. Lembra-se de alguma coisa?

Sacudiu a cabeça.

– Apenas alguns flashes... sonhos talvez... – levou as mãos ao rosto e continuou por entre elas. – Pesadelos na maior parte...

Ling sorriu e abriu mais as cortinas para que o sol entrasse, ainda vestia as roupas finas que usara para falar com a diretora do colégio, fazendo-a parecer ainda mais imponente.

– Na verdade – disse sem se virar para Nathalie. – Eu vim aqui para saber a respeito de um gato.

Nathalie arregalou os olhos.

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